Iberanime Santarém 2025
- André Araújo
- há 6 dias
- 6 min de leitura
Este ano contou com a primeira vez que o evento se realizou em Santarém e a primeira vez da Dangan no Iberanime!
Recebemos imensas visitas, e embora não tenha conseguido experienciar o evento a 100%, visto que só fomos no Sábado, não faltam coisas para falar sobre.

Embora seja a primeira vez da Dangan no Iberanime, não é a minha primeira vez pessoalmente. Ter uma banca própria sempre foi um sonho distante, mas o projeto continua a crescer, e embora não tenhamos sido convidados, colaboramos com o Valori na banca dele!
Esta edição contou com o costume, a Vila dos Artistas, as bancas comerciais, uma área de jogos de tabuleiro e dois palcos; mas trouxe também uma drawing zone funcional com mesas e (algum) material, infinitamente melhor do que ter de me sentar no chão para desenhar, e uma zona de arcades com uma variedade bem maior do que o costume.

A zona de arcade foi das poucas que pude visitar, mas era pessoalmente a que mais tinha interesse. Entre os Shoot-Em-Ups e jogos de
ritmo como Taiko no Tatsujin e até Project Diva F, estavam os meus queridos jogos de luta- mais especificamente Street Fighter 3 e 4.
Embora não fosse a sua sequela superior Third Strike, jogar Street Fighter 3 New Generation numa Sega Versus City autêntica foi excecional. As cabines japonesas não utilizam o sistema de multiplayer lado a lado que é habitual cá. Visto que só haviam duas cabines opostas, estas ligavam-se entre si, e não conseguia ver contra quem estava a jogar sem me levantar ou espreitar ao mesmo tempo que o outro jogador.
Embora não seja o meu SF3 de preferência, limpei o meu oponente com combos básicas de Ryu e senti-me bem. Depois de 2 vitórias seguidas decidi que era suficiente e devia aproveitar o resto do meu tempo, onde viria a descobrir que o meu oponente era um rapaz nos seus 11 anos…

O karma, potente e negativo a meu favor, levou-me a outra cabine, desta vez de Street Fighter 4. As cabines desta vez estavam dispostas lado a lado, embora separadas na mesma.
Comecei por desafiar alguém que estava a jogar e ganhei sem grande problema, mas 2 vitórias depois, o meu verdadeiro oponente apareceu. O meu Akuma não conseguiu vencer um Guile que sabia o que estava a fazer, lutei com tudo o que tinha, mas perdi brutalmente contra alguém mais experiente do que eu, e adorei.
Agora que partilhei as experiências positivas que desfrutei durante o evento, está na hora da parte favorita de muitos…
As Queixas.
Um comentário repetido imensas vezes nas redes sociais do evento fazem referência ao ar condicionado, ou melhor, a ausência deste. É verdade, estava um calor infernal, e vi os Furries presentes no pavilhão A passarem de fursuit completo, a usar só a cabeça, e finalmente de volta à sua forma humana. Isto vindo de alguém que esteve sentado quase o dia todo, esteve mesmo imenso calor, o que não se resume só ao calor natural de Santarém, mas também à quantidade esmagadora de pessoas no evento.
Lembram-se que o motivo da mudança para Santarém tinha a ver com o novo espaço ser "maior"? A diferença é minúscula, senão praticamente nula. Desde 2014 que repito o mesmo argumento, o problema não é o local, mas sim a organização.
Imagino já que não teremos grande apoio futuro (se algum) por parte do evento depois deste artigo, mas transparência jornalística é mais importante do que agradar.
Não atribuo os problemas de organização ao staff, muitos deles voluntários, mas sim a erros graves de planeamento.
A Vila dos Artistas e a Drawing Zone (onde estava localizada a nossa banca) estavam paralelos ao palco Tóquio, a zona de gaming e a zona de artes marciais. Fui de ouvir constantemente efeitos sonoros de Dragonball vindos da área de gaming e narração de wrestling da área de artes marciais, a não conseguir ouvir a minha própria voz graças ao volume do palco Tóquio.
Excelente para quem ama o Para Para Dance, mas enjoei rapidamente de ouvir Caramel Dansen e outros memes de 2005 durante quase 3 horas seguidas.
Isto dificultou imenso a comunicação com os nossos clientes ou até mesmo com pessoas que só se queriam informar mais sobre o projeto.
Entrar no evento em si foi complicado. Cheguei de carro com caixas para carregar para dentro do recinto… mas por onde? Tinha um nome de referência, e depois de informar um staff da situação, lá me apontaram para o portão de descargas, onde à chegada fui parado por um segurança que não sabia de nada, até que outro staff permitiu a minha entrada e me dirigiu para seguir “papeis amarelos” até à nave A.
Não haviam papeis amarelos...
Depois de encontrar a entrada traseira da nave A, fui recebido por outro staff que, surpresa, não sabia de nada (O próprio o disse um mínimo de 8 vezes.) Disseram para eu esperar, e que outro staff me iria buscar. 20 minutos depois e isso não aconteceu, então entrei, e montei a banca.
Anticlimático, não é? Para mim não, paguei pelo bilhete para este não ser picado, eu não receber acreditação nenhuma e tecnicamente estar ali sem ninguém perceber- e o clima estava, como já todos disseram, quente para c@ralho.

As bancas de artista em si também eram difíceis de encontrar, os “cubículos” que continham as bancas não exibiam o nome destas, mas sim nomes de prefeituras japonesas. Dei 5 voltas a todos os corredores à procura da banca do Senna, mas só com indicações consegui encontrar.
O Valori teve também um painel juntamente de Jules Spaniard (autor de Arcadian Devils) na sala Fuji, esta escondida num canto, não assinalada, onde se situava também o Espaço de Saúde Mental. Eu ter de perguntar a outros visitantes onde é “a sala dos painéis” já que não havia sinalização, e não conseguir uma resposta clara é um problema, GRAVE.
Já agora, é importante apontar que o mapa do evento disponível no website é realmente, meramente ilustrativo.
Lembram-se que eu disse que a diferença entre a FIL e este novo espaço era “minúscula” ou até “nula”? Os problemas em Lisboa eram produto de má utilização do espaço disponível. Alguém se lembra do Meo Arena, onde metade do pavilhão era um palco que só seria usado no Domingo para o concurso de cosplay, e a outra metade era também cortada ao meio para um palco de League of Legends? Lembram-se? Eu Lembro.
Embora não um “problema”, achei comédica a banca da AXN, composta completamente de imagens geradas por AI. O Iber não é o único que faz isto, fui á Comicon pela primeira vez em 2021 e tinham uma sala enorme a ser desperdiçada com bancas de serviços de streaming acompanhadas de recortes de cartão para os visitantes tirarem fotos.

Percebo que organizar um evento desta escala é um desafio, mas não sei se a experiência refletiu 15 anos de experiencia.
Todos os eventos sofrem, de uma forma ou outra, de favoritismos. O Iber, sendo o maior evento de cultura pop japonesa do país, carrega o privilégio de não ter de colaborar com artistas portugueses ao mesmo nível de outros. No fim do dia, ficam de bolsos cheios só com os preços das bancas comerciais.
Pode ser preferência pessoal, afinal, eu não percebo o que o público geral gosta, mas ver sempre os mesmos artistas, os mesmos workshops, a mesma coisa ano após ano transmite a ideia de que “não há mais nada”.
É frustante quando existem novos criadores, novos artistas e novas associações a surgir pelo país, e mesmo assim a Vila dos Artistas é cara demais para os artistas, e pequena demais para os visitantes.
A inclusão da drawing zone (Embora também impropriamente sinalizada) foi boa, quem imaginava que num evento para fãs de anime e manga vários visitantes quisessem desenhar em vez de gastar 60€ numa T-Shirt de 2€ da Temu, 8€ por Takoyaki e ver um total de 20 segundos do que está no ecrã até decidirem ir para um espaço mais aberto para se sentarem enquanto partilham memes com os amigos como em qualquer outro dia.
Isto para dizer, há muito pão, imenso pão, e pouco fiambre.
Gastei 6 parágrafos a falar da minha experiência na zona de arcades e 1 frase a falar da banca da AXN, talvez interagir com outras pessoas através de arte, atividades e projetos nacionais seja um ponto que valha a pena investir, não?

Agora, algo mais positivo...
Cosplay!
A variedade de Cosplay foi enorme, com vários cosplays de grupo e personagens de jogos e animes mais niche que não costumava ver nos eventos anteriores.

É sempre divertido encontrar cosplay de franquias menos representadas por cá, e ainda mais, a qualidade dos cosplays surpreendeu-me imenso!

Embora não possamos colocar todos os cosplays que vimos, tivémos representação de Guilty Gear, Phoenix Wright, Frieren, Bloodborne, Hollow Knight, Murder Drones, Marvel, Madoka Magika, Arcane, Heaven Officials Blessing, Danganronpa, Alien Stage, Sk8 Infinity, Wind Breaker, Dungeon Meshi e muito, muito mais.

Claro não faltou a presença de One Piece, Naruto, Five Night at Freddy’s, Jujutsu Kaisen e os quase que inacabáveis cosplays de Genshin Impact.

Obrigado a todos pela vossa participação!
Esperamos ver-vos em mais eventos e trazer cada vez mais Cosplay para mostrar aqui na Dangan Magazine!
Texto, Edição e Fotografia; André Araújo
Revisão; Lúcia Pires